Padroeira: N. Sra. Natividade
Do topónimo Rio de Couros desde há séculos que tem sido filiada numa importante indústria de curtumes, outrora aqui existente. Vários autores procuraram encontrar uma explicação erudita, mas frustradas as expectativas, acabaram por considerar plausível que no rio vários curtidores lavassem os seus couros, motivo pelo qual aquele curso de água tomou o nome de Rio de Couros. Frei Agostinho de Santa Maria diz no seu “Santuário Mariano” ser perfeitamente possível que seja “esta a razão da denominação do sítio, e nada tem de inverosímil”.
É desta época romana que deve datar o povoamento desta terra, se não for anterior. Inúmeros vestígios romanos foram encontrados em Rio de Couros, Sandoeira e Castelejo, nomeadamente ossadas humanas, cipos, alicerces de edificações, tijolos e pedras com inscrições latinas. Uma delas, de cor vermelha, com 1,76 metros de comprimento e cerca de metade de largura, vê-se uma inscrição que traduzida diz: “Memória consagrada aos deuses infernais Fabrício Frondini, de vinte e seis anos de idade, filho extremoso de Fabrício Celio e de Albuna, jaz nesta sepultura que à sua custa mandaram fazer seus pais. Seja-te a terra leve”.
Não longe dali, talvez na Sandoeira, terá existido uma “vilae” romana denominada RouqueI. Pinho Leal no seu “Portugal Antigo e Moderno” também diz que parece ter existido nestes sítios uma povoação romana.
Se seguramente se pode falar da presença romana, o mesmo não acontece quanto à data exacta da criação da freguesia de Rio de Couros. Sabe-se que durante muito tempo a igreja foi anexa da de Freixiandas e as suas ofertas e rendimentos destinavam-se à colegiada de Ourém. Segundo alguns autores, a fundação da freguesia ocorreu no ano de J 728, data que se encontra gravada na pia baptismal. Mas existe um documento de D. Álvaro, bispo de Leiria, datado de 27 de Fevereiro de 1729, pelo qual o prelado sugere ao cabido da colegiada que a freguesia de Freixianda fosse dividida, formando-se a de Rio de Couros:
“( … ) Aqui soube que era falecido o vigário das Freixiandas, e como aquela freguesia
é tão dilatada, como vv. mercês sabem, e é notório, os sacramentos são inumeráveis, de maneira que justamente se pode temer que muita gente morra sem eles, em prejuízo irreparável da sua salvação, por isso não posso deixar de pôr na consideração de vv …. que será utilíssimo, que esta freguesia se divida, para que assim os fregueses dela sejam melhor servidos no mais essencial … e mesmo também ficarem em mais descanso os párocos e poderem mais facilmente acudir às suas obrigações sem tanta fadiga … hão de considerar este negócio com a circunspecção de que é digno, principalmente quando daqui se não segue prejuízo a vv. mercês … “. Este documento é considerado muito significativo para a história da criação da freguesia de Rio de Couros.